Aos 63 anos e aposentada, Erondina Botelho não quer nem saber de descansar. Até porque, ficar parada, só é possível se alguém amarrá-la. E quem se arriscar, com certeza, vai ter trabalho. Dona Ero, como é conhecida, já vai para quarta graduação e, pela primeira vez, será em uma universidade pública, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
O novo desafio é conquistar o diploma de Arquitetura e Urbanismo. "Quando a gente aposenta, você acaba ficando muito em casa, perde os amigos, fica sozinho. Para suprir a solidão, me propus a viajar, mas veio a pandemia e uma coisa que não consigo é ficar parada. Quis dar um sentido maior pra vida", explica.
Apaixonada por arquitetura, Ero contempla cada detalhe de uma construção. Ainda mais aquelas antigas, de Minas Gerais, estado onde morou antes de mudar-se para Naviraí, em Mato Grosso do Sul. Sua avaliação sobre os ambientes faz com que amigos e familiares sempre peçam sua ajuda.
"Sempre fui muito de opinar em como deve ser. Na família, as pessoas que vão reformar sempre me pedem opinião. Gosto de acompanhar páginas sobre o tema. Sou apaixonada por arquitetura antiga", revela. Características que, com certeza, farão toda a diferença no aprendizado, exatamente por se fazer aquilo que gosta.
Erondina e o filho Tiago, um de seus incentivadores. (Foto: Reprodução Instagram)
Engana-se quem acha que ela só recebeu apoio. Pois a mulher de cabelos grisalhos foi muito questionada a respeito da escolha, já que ela não precisa e nem atuaria na área. "Alguns dos meus quatro filhos tentaram me fazer mudar de ideia com argumento de que meu esposo, em breve, se aposentaria e que juntos, poderíamos viajar por aí", revelou Erondina.
Mas não adiantou. Ela quer mesmo é "arrumar para cabeça" e continuar estimulando o cérebro a pensar. Na sua coleção de diplomas, já tem Matemática, Pedagogia e Serviço Social.
Quando questionada se é possível aprender coisas novas nas graduações, Ero explica: "Cada estágio da vida da gente é um olhar diferente. É como um livro que se lê na adolescência e quando se lê adulto, é outro aprendizado", ensina.
Erondina posando para foto em uma de suas viagens. (Foto: Arquivo Pessoal)