O presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta quinta-feira (22), o nome de quem vai comandar alguns dos ministérios a partir de 2023. Conheça o perfil de cada um:
Alexandre Padilha - Ministério das Relações Institucionais
Formado em medicina pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Padilha assumirá o ministério 13 anos após comandar a mesma pasta, no segundo mandato de Lula. Com 51 anos, ele foi ministro da Saúde entre 2011 e 2014, quando ajudou a criar o programa Mais Médicos, voltado para suprir o déficit de profissionais no interior do país. Foi secretário municipal da saúde de São Paulo de 2015 a 2017, na gestão de Fernando Haddad. Em 2018, Padilha foi eleito deputado federal e passou os últimos quatro anos dedicando o mandato à área da Saúde.
Márcio Macêdo - Secretaria-Geral da República
Biólogo formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Macêdo foi professor da rede estadual do estado e superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Sergipe. Entre 2007 e 2010, foi secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Aos 52 anos, foi eleito para o segundo mandato na Câmara dos Deputados nas eleições deste ano. Em 2015, ocupou o cargo de tesoureiro do PT, permanecendo no cargo até 2020. Hoje, é um dos vice-presidentes do partido.
Nísia Trindade - Ministério da Saúde
Primeira mulher a assumir o Ministério da Saúde, Nísia Trindade é doutora em Sociologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desde 2017. Durante esse período, liderou as ações da instituição no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil. Nísia foi responsável por coordenar o acordo feito pelo Ministério da Saúde com a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca para a produção da vacina contra Covid-19. A pesquisadora também criou o Observatório Covid-19, que realiza pesquisas e reúne dados sobre a evolução do vírus. Integrou grupo de trabalho para construção do Plano de Ação Global da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2018.
Camilo Santana - Ministério da Educação
Nascido em Crato (CE), Camilo Santana é engenheiro agrônomo de formação e professor. Foi governador do Ceará por dois mandatos consecutivos, entre 2015 e 2022. Ocupou a superintendência adjunta do Ibama no estado entre 2003 e 2004. Santana também foi Secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará entre 2007 e 2010, quando foi eleito deputado federal. Dois anos depois, se licenciou para assumir a secretaria de Cidades do governo do Ceará. Nas eleições deste ano, foi eleito senador com o maior percentual de votos do país.
Márcio França - Ministério dos Portos e Aeroportos
Formado em direito pela Universidade Católica de Santos, Márcio França já foi vice-governador e governador de São Paulo pela chapa de Geraldo Alckmin. Com 59 anos, França também atuou como vereador em São Vicente (SP), deputado federal, além de ser secretário Estadual de Desenvolvimento e Esporte, Lazer e Turismo.
Margareth Menezes - Ministério da Cultura
Baiana de Salvador, a cantora e compositora tem 60 anos e iniciou a carreira musical em 1986. Margareth Menezes tem mais de dez álbuns lançados e fundou em Salvador a ONG Associação Fábrica Cultural, uma organização social que desenvolve ações sociais e culturais para a comunidade baiana.
Luiz Marinho - Ministério do Trabalho
Ex-prefeito de São Bernardo do Campo (SP) por dois mandatos, Luiz Marinho se formou em direito e atuou como metalúrgico nos anos 1970. Foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista na década de 1990 e início dos anos 2000. Em 2003, foi eleito presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Marinho foi ministro do Trabalho entre 2005 e 2007, quando assumiu o Ministério da Previdência Social.
Anielle Franco - Ministério da Igualdade Racial
Irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, Anielle Franco é ativista, professora, jornalista, escritora e mestra em Relações Étnico-Raciais. Aos 38 anos, ela é diretora do instituto que leva o nome da ex-vereadora do Rio de Janeiro. Foi uma dos quatro brasileiros selecionados para nova edição do programa de fortalecimento de lideranças globais, o Ford Global Fellow, da Fundação Ford, para uma bolsa que visou conectar e apoiar a próxima geração de líderes mundiais.
Silvio Almeida - Ministério dos Direitos Humanos
Doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), Silvio Almeida é professor, advogado, escritor e considerado um dos maiores especialistas em questão racial no país. Nascido na capital paulista, ele é presidente do Instituto Luiz Gama, organização de direitos humanos voltada à defesa jurídica das minorias e de causas populares. Almeida é autor do livro Racismo Estrutural, publicado em 2019.
Geraldo Alckmin - Ministério da Indústria e Comércio
Médico e professor universitário, foi eleito vice-presidente da chapa de Lula na eleição de outubro deste ano. Nascido em São Paulo, já foi governador do estado por quatro vezes, vereador, deputado estadual e federal. É um dos fundadores do PSDB, legenda da qual ficou filiado por mais de 30 anos. Saiu da legenda para se filiar ao PSB, atual partido. Alckmin também já foi candidato à Presidência da República em 2006 e 2018.
Luciana Santos - Ministério da Ciência e Tecnologia
Atual vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos é natural de Recife e engenheira pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Já foi deputada estadual, federal e prefeita de Olinda por dois mandatos. Luciana também já atuou como secretária estadual de Ciência e Tecnologia e trabalhou na comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
Jorge Messias - Advocacia-Geral da União
Formado em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jorge Messias é procurador da Fazenda Nacional. O futuro ministro atuou nas áreas jurídicas dos ministérios da Educação, Casa Civil e Ciência e Tecnologia. Messias foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência no governo de Dilma Rousseff. Ficou conhecido por ter o nome citado em uma conversa grampeada entre Lula e Dilma.
Vinicius Marques de Carvalho - Controladoria-Geral da União
Doutor em direito pela Universidade de São Paulo (USP), Vinicius Marques foi especialista em políticas públicas e gestão governamental do governo federal, secretário de Direito Econômico e presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O futuro ministro também é professor de direito comercial da USP.
Esther Dwek - Ministério da Gestão
Doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela UFRJ, Esther Dweck já atuou no Ministério do Planejamento e foi assessora econômica e secretária de Orçamento Federal nos governos da ex-presidente Dilma Rousseff. Desde 2009, é professora-adjunta do Instituto de Economia da UFRJ. Esther também foi professora substituta na Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Aparecida Gonçalves - Ministério da Mulher
Militante e ativista do movimento de mulheres, Cida Gonçalves trabalha como consultora em políticas públicas para o enfrentamento da violência doméstica e dá workshops a prefeituras e governos estaduais para atuação na área. Especialista em gênero e violência contra mulher, já ocupou o cargo de secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Wellington Dias - Ministério do Desenvolvimento Social
Natural de Oeiras (PI), Wellington Dias tem 60 anos e é formado em letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). O futuro ministro governou o estado por quatro mandatos, foi eleito duas vezes senador e atuou como deputado federal, estadual e vereador. Além disso, presidiu o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) e coordenou o Fórum Nacional de Governadores.
Os nomes foram anunciados durante coletiva de imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da equipe de transição. Outros 13 nomes serão indicados na próxima semana. Antes, os coordenadores dos grupos técnicos fizeram uma apresentação geral dos principais pontos da situação do governo federal.
Lula descumpriu mais uma promessa, feita em 10 de novembro. Na ocasião, o presidente eleito afirmou que Alckmin não seria ministro, uma vez que é vice-presidente. "Eu fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente", disse, na ocasião.
A indicação de Alckmin para a pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio ocorre após os convidados declinarem do convite — Lula ouviu não, por exemplo, do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes.
Ao longo da campanha, o presidente diplomado explorou a pauta da diversidade para atrair votos e afirmou que montaria um governo com amplo espaço para mulheres, negros e minorias. Desde o início do governo de transição, entretanto, a prática não tem correspondido ao discurso. Faltando menos de dez dias para o início do novo governo, os nomes já anunciados de primeiro e de segundo escalão são majoritariamente de homens brancos.
No dia 9, Lula anunciou Fernando Haddad (PT) na Fazenda, Rui Costa (PT) na Casa Civil, Flávio Dino (PSB) na Justiça, José Múcio Monteiro na Defesa e Mauro Vieira nas Relações Exteriores. Depois, Aloizio Mercadante na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Por Plínio Aguiar, do R7, em Brasília