Domingo, 16 de Fevereiro de 2025

DATA: 04/02/2025 | FONTE: Correio do Estado Irmãos Batista expandem negócios e vão explorar gás natural na Bolívia Falta de investimentos em novas reservas reduziu drasticamente a quantidade de combustível disponível
Capacidade de produção da YPFB reduziu na década passada - Foto: Divulgação

A empresa brasileira Fluxus, que faz parte do grupo J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, assinou um memorando de entendimento com a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) para a avaliação técnica do potencial de gás natural em reservas não tradicionais na Bolívia. A exploração da empresa dos irmãos Batista pode ajudar a ampliar a oferta do combustível.

Conforme publicado pelo site boliviano El Periodico de la Energía, o presidente da YPFB, Armin Dorgathen, destacou que a empresa brasileira é uma “parceira estratégica” para “diversificar” os riscos de investir na exploração de novas reservas de gás natural.

Dorgathen ainda afirmou que a Fluxus tem focado seu trabalho no fornecimento de gás para fábricas e termelétricas e que vê a Bolívia como “uma fonte confiável de suprimento” para o fornecimento de energia.

Ainda de acordo com a reportagem boliviana, o acordo foi assinado no leste de Santa Cruz entre a Fluxus e a YPFB-Chaco, subsidiária da YPFB, para a realização de estudos de potencial de hidrocarbonetos.

“São estudos técnicos que nos ajudarão a reforçar as reservas que temos, a buscar novas reservas e, assim, poder garantir o abastecimento”, disse William Yabeta, vice-presidente de administração, contratos e supervisão da YPFB.

O executivo da Fluxus na Bolívia, Víctor dos Santos de Abreu , disse que o gás boliviano é “muito importante para a empresa e faz parte do desenvolvimento de suas operações na América do Sul”.

O gerente geral da YPFB-Chaco, Jerry Fletcher, corroborou que o acordo com a Fluxus “marca o início de uma nova etapa de colaboração e progresso no setor de hidrocarbonetos porque permite a aquisição de novas capacidades e novos investimentos na Bolívia”.

REDUÇÃO

O Correio do Estado já havia adiantado que o fornecimento de gás natural boliviano tem decaído nos últimos anos, principalmente por falta de investimentos em novos poços.

Atualmente, os bolivianos enviam ao Brasil entre 12 e 15 milhões de metros cúbicos (m³) por dia, quando deveriam entregar 20 milhões de m³/dia.

A Bolívia tem 4,5 trilhões de pés cúbicos (TCF) de reservas comprovadas de gás natural certificadas em 31 de dezembro de 2023, em comparação com 10,7 TCF relatados em 2017.

Durante, pelo menos, as últimas duas décadas, o gás natural foi o principal produto de exportação da Bolívia e a base de seu crescimento econômico, tendo o Brasil e a Argentina como seus principais mercados, mas nos últimos anos houve um declínio na produção e na renda.

Desde 2021, o governo boliviano vem implementando o Plano de Reativação Upstream (exploração e produção), que inclui 42 projetos exploratórios em diversas regiões para aumentar a produção de hidrocarbonetos.

Para Mato Grosso do Sul, é importante que se aumente o envio de gás boliviano, tanto pela arrecadação com o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de importação quanto pelos projetos estaduais que dependem do aumento da oferta do combustível. O gás natural entra pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) que está localizado em Corumbá. 

GÁS ARGENTINO

Outra estratégia para aumentar a oferta, já adiantada pelo Correio do Estado, é a utilização do Gasbol para transportar gás natural da região argentina de Vaca Muerta.

O início do fornecimento do gás argentino para o Brasil está previsto já para este ano. Conforme a previsão, o fornecimento começará com 2 milhões de m³/dia e alcançará 30 milhões de m³/dia até 2030, voltando à capacidade máxima.

A perspectiva é benéfica para Mato Grosso do Sul, uma vez que beneficia a arrecadação do ICMS e garante matéria-prima para a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3) em Três Lagoas. 

De acordo com os analistas ouvidos pelo Correio do Estado, isso pode fortalecer a competitividade industrial do Estado, gerando ativos como emprego e renda, além de auxiliar na transição energética.

“Ter um novo país para comprar o gás é importantíssimo, uma vez que a balança comercial do Estado tem quase 90% de importação de gás. Como é um produto internacional, para se trazer, há um custo. Contudo, [ele é] necessário, uma vez que Mato Grosso do Sul necessita desse gás para energia, para empresas. Ou seja, é importantíssimo”, pontua o doutor em Economia Michel Constantino.

O doutor em Administração Leandro Tortosa corrobora que uma das questões mais importantes é a atração de empreendimentos e a segurança energética.

“Se a gente tiver energia com uma matriz mais diversificada, com mais opções, como seria nesse caso, e com uma redução de custos, mais investimentos podem ser atraídos para Mato Grosso do Sul”, argumenta.

NOVO NICHO

A entrada de grandes grupos de capital privado brasileiro no setor de gás visa um mercado com potencial para atrair ao menos R$ 140 bilhões em investimentos nos próximos 10 anos, considerando apenas a infraestrutura a partir da boca do poço – sem incluir exploração e produção.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, cinco conglomerados estão se posicionando estrategicamente no setor, tanto em operações comerciais quanto nos bastidores da política, já que a disputa envolve concessões públicas.

São eles: Eneva, controlada pelo BTG Pactual, de André Esteves; Âmbar Energia, braço da J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista; Cosan, de Rubens Ometto, com as subsidiárias Compass e Commit; Energisa, da família Botelho; e Termogás, do empresário Carlos Suarez.

Juntas, essas empresas investiram cerca de R$ 35 bilhões na última década para consolidar presença no setor.

Embora seja um combustível fóssil, o gás natural é visto como uma alternativa menos poluente em comparação ao diesel, utilizado no transporte público e de cargas, e ao carvão, comum na indústria. 

Além disso, tornou-se peça-chave para a segurança energética do País, que passa a depender cada vez mais de fontes renováveis, de geração intermitente.

O grupo J&F ingressou no setor em 2015, com a aquisição da usina de Cuiabá (MT) e a criação da Âmbar Energia.

Desde então, acelerou seu ritmo de expansão: já controla 16 usinas a gás, com capacidade equivalente a pouco mais de 20% do total de térmicas em operação no Brasil. Nos últimos 10 anos, investiu R$ 11 bilhões na ampliação da geração própria e outros R$ 8 bilhões em gás natural.

 

 

Por SÚZAN BENITES


 

 

 





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